Na semana que passou realizou-se a primeira votação, em comissão especial da Câmara dos Deputados, da PEC para a Reforma Política, que mudará as regras para a eleição dos cargos legislativos no país, podendo entrar em vigor já nas eleições de 2018. A reforma, por incrível que pareça, conseguirá piorar ainda mais o atual sistema político e eleitoral, tornado-o menos democrático e mais fechado à pressão popular. A proposta é a comprovação de que, na atual fase histórica do capitalismo mundial, toda reforma para suposta melhora do sistema torna-se logo o seu contrário: uma piora.
De joelhos, mas não derrotado — eis a imagem do governo Temer hoje. Todavia, ilude-se quem acha que o filme de terror da quarta-feira passada foi uma demonstração de força do governo. Temer foi absolvido no covil brasiliense não porque é forte, mas porque é fraco. Temer foi absolvido não porque “soube negociar o que Dilma não sabia”, mas simplesmente porque não há oposição real a ele.
O Congresso venezuelano está praticamente fechado, já há mais de 3500 presos políticos e mais de 120 mortos pelas mãos do regime de Maduro e de suas milícias para-estatais. Oposição silenciada, à esquerda e à “direita” (para usar as palavras dos chavistas). No domingo, 30/07, realizaram-se as eleições para a constituinte farsesca que deve servir para garantir o controle do Estado burguês nas mãos da burocracia chavista. Como já havíamos notado na conjuntura brasileira (no caso do impeachment da Dilma), a suposta “esquerda” que vergonhosamente ainda apoia Maduro desaprendeu a definir um golpe e uma ditadura.
Lula e seus asseclas traidores da classe operária são também responsáveis pelo aumento da miséria capitalista no Brasil e na América Latina. São também responsáveis pelo drama cotidiano e miséria crescente da classe trabalhadora. Que mofe na prisão!
A absolvição da chapa Dilma-Temer no TSE foi o novo elemento da revelação do caráter de classe — burguês — de todas as instituições do Estado. Diferentemente do que falam vários analistas, não há uma judicialização da política, mas uma politização da justiça. A aparente judicialização da política era apenas a falência do poder legislativo e consequente assunção de protagonismo por parte do judiciário. Mas este, como não poderia deixar de ser, foi tragado pela crise política e revelou seu caráter de classe.
O dia 24 de maio de 2017 – dia da ocupação de Brasília – torna-se relevante para a luta da classe trabalhadora brasileira na exata medida em que evidencia a importância fundamental de um partido de combate.
A casa caiu. Com a gravação do dono da JBS, o governo de Michel Temer acabou e não fará as reformas. Ele falava que afastaria ministros réus, agora terá de afastar a si mesmo. É hora de ir pra rua e não sair mais! É hora de ocupar Brasília!
Já há um ano aprofunda-se um curioso processo: as investigações da Lava-Jato cercam vários partidos, não só o PT. Isso se dá desde que Temer assumiu a presidência. As teias de corrupção que envolvem PMDB e PSDB no mesmo sistema corrupto do PT ficaram cada vez mais expostas. Mesmo antes do impeachment da Dilma falávamos que isso necessariamente ocorreria. Os petistas criticavam-nos, falando que a Lava-Jato era seletiva, e que assim que caísse a Dilma tudo refluiria. Também os pmdbistas acreditavam nisso, vide o famigerado “plano Jucá” para “estancar a sangria” e salvar Lula (conversas gravadas entre Romero Jucá e Sério Machado).
Sobre o dia 28/04 — dia de paralisação nacional contra os ataques do governo de Michel Temer/ Henrique Meirelles —, cabe destacar elementos positivos e negativos que se manifestaram. Além do correto elogio, é preciso pensar suas fragilidades e limites, para encontrar conscientemente a melhor forma de superá-los.
O dia 28 de abril será um dia fundamental de luta e resistência da classe trabalhadora contra as medidas do capital. Será um dia de paralisação de várias e importantes categorias organizadas por todo o país. Será dia de dizer em alto e bom som: não às medidas nefastas de Michel Temer! Não às reformas da previdência e trabalhista! Não ao ataque do capital!