Não existe realmente um partido de esquerda no Brasil. Para entender isso é necessário compreender o significado dos termos “esquerda” e “direita” ao longo da história, bem como aplicar o significado real (atual) para os partidos hoje existentes.
O socorro a Bolsonaro em mais um momento de dificuldade veio do PT. Desta vez, com apoio claro da “esquerda radical”. PSOL, PCB e PSTU optaram por “ficar em casa com Lula no domingo”. A capitulação política já demonstra que tais partidos agem na prática para eleger Lula em 2022.
Há poucos meses queriam que nós, da TS, votássemos em Boulos (e variantes lulistas) para impedir o “perigo da direita”. Hoje Boulos senta pra jantar com representantes da burguesia evangélica brasileira.
O PSTU naufragou neste pleito. Seus resultados foram muito menores do que nos últimos anos e sua política no segundo turno foi capitulacionista. Tais problemas, expressões agudas da falta de programa revolucionário, demarcam que o PSTU não terá protagonismo na futura reorganização dos revolucionários.
Qualquer um que tenha visto o primeiro debate de segundo turno, nesta segunda-feira 16/11, notou que Boulos e Covas são variações do mesmo tema. Acrescentamos: um tema burguês que se volta contra os trabalhadores. Não daremos qualquer apoio ao petista enrustido Boulos. Chamamos os que lutam pelo socialismo a não cair em sua charlatanice e a votar nulo neste segundo turno em São Paulo. Só assim se organiza a classe trabalhadora a resistir de verdade aos ataques capitalistas de um possível governo seu.
Frente à eleição de Biden, nada temos a dizer – pois não faz sentido – sobre o que significará seu governo. Nada de relevante mudará na política dos EUA. Cabe-nos analisar porque toda a “esquerda” brasileira e latino-americana, uma vez mais, capitula e respira “aliviada” com o novo presidente.
Reproduzimos texto de Hector Benoit em resposta ao artigo “Por que a candidatura Boulos/Erundina é um catalisador eleitoral?”, de Valério Arcary, publicado na revista Fórum em 24/09/2020.
O programa de Boulos não é capaz de dar qualquer saída revolucionária para a classe trabalhadora, e servirá como mais um braço da ordem burguesa. Não vote em Boulos! Não ajude a criar mais uma farsa traidora da classe trabalhadora!
A inflação de produtos básicos coloca novamente a esquerda brasileira num dilema. É necessária uma política burguesa ou pequeno-burguesa, de controle de preços de mercadorias, ou uma política propriamente proletária, de reajuste salarial conforme a inflação?
As prévias do PSOL confirmaram o que anunciamos em 2018: com Boulos se cristalizou o rumo ao oportunismo e à lógica parlamentar-petista. Os lutadores honestos deveriam sair do PSOL, em vez de dar cobertura de esquerda ao oportunismo. Chamamos os lutadores à discussão por uma nova organização política nacional.